Moralidade e felicidade

O comentário de Henrique Cláudio de Lima Vaz ao capítulo “O espírito certo de si mesmo. A moralidade” da Fenomenologia do Espírito (1807) de Hegel (1775-1831) originou-se a partir da exposição oral feita por Vaz no primeiro semestre de 1972 no contexto de disciplina ministrada no Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. Ela foi inicialmente gravada em fitas cassetes e posteriormente transcrita em forma datilografada, totalizando setenta e três folhas. Com base nesse material, foi feita a edição do texto datilografado que resultou no presente livro. O comentário leva a cabo não só a análise das articulações que traça o caminho do espírito ao longo das três partes do referido capítulo, a saber, a visão moral do mundo, o deslocamento e a boa consciência, mas também promove um grande diálogo com vários pensadores da filosofia ocidental à medida que são apresentadas e também desmascaradas as tergiversações da consciência moral que não leva a efeito na esfera da práxis o que ela teoricamente promete. Com efeito, o périplo da consciência moral certa de si mesma é aquele em que ela não realiza seu conceito (Begriff) e, portanto, como figura da consciência, cede lugar às formas mais avançadas da formação (Bildung) do espírito (Geist). No entanto, ela encerra um percurso formativo que constituirá uma das partes plasmadoras do saber absoluto, no qual o aspecto positivo da consciência moral certa de si mesma será abraçado, ao passo que sua limitação cognitivo-moral será descartada. Com a edição dessa exposição oral, pretende-se aprofundar o debate sobre um importante marco das experiências (Erfahrungen) da consciência que talvez não tenha até o momento recebido sua devida atenção investigativa nos estudos sobre a Fenomenologia do Espírito de 1807.