Metafísica de Aristóteles (Vol. I - Ensaio Introdutório)

Autores:
  • Giovanni Reale

Hoje em dia não se duvida que os catorze livros que nos chegaram com o título Metafísica não constituem um todo organicamente predisposto e acabado. A Metafísica não é uma obra unitária, mas uma coleção de escritos. Estes n&... Ver mais

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Sinopse

Hoje em dia não se duvida que os catorze livros que nos chegaram com o título Metafísica não constituem um todo organicamente predisposto e acabado. A Metafísica não é uma obra unitária, mas uma coleção de escritos. Estes não nasceram num mesmo bloco de tempo, mas são fruto de um plurianual esforço de pensamento, de novas meditações e repensamentos. Não obstante isso, uma coisa é certa: existe neles uma unidade especulativa de fundo. Publicar uma tradução da Metafísica de Aristóteles com um comentário constitui um empreendimento árduo e temerário, porque as tentativas já feitas em várias línguas, os comentários, as paráfrases, as exposições e os estudos críticos são tantos e tais, que não é mais possível dominá-los. Além disso, os problemas que surgem para quem se propõe a apresentar ao leitor dos nossos dias o maior texto de filosofia de Aristóteles são de tal envergadura, que pareceria, senão quase impossível, pelo menos muito difícil resolvê-los. O leitor que pretendesse ler a Metafísica como os livros acabados que hoje se publicam (ou como o próprio Aristóteles compunha as obras que publicava), tomaria a pior via, e muito dificilmente chegaria a compreender a sua mensagem precisa. Essa edição se inspira, em primeiro lugar, num moderno conceito de versão. Quem traduz deve ater-se o máximo possível, como ponto de referência, à língua na qual traduz e às suas leis, e assim adequar a esta as da língua da qual traduz. A língua grega é fortemente sintética, as línguas modernas são, via de regra, analíticas. Conseqüentemente, não é possível adotar o critério seguido pelos tradutores latinos, cuja língua ainda é sintética e ainda possui compostos e estruturas próximas da língua grega. Na língua latina se podia comodamente decalcar o original grego ad litteram. Particularmente, os latinos podiam permitir-se não resolver certas dificuldades de interpretação, repropondo, com hábil jogo de neutros e de compostos, a idêntica dificuldade que apresenta a original, sem resolvê-la. Contudo, o tradutor contemporâneo deve analisar e desenvolver o que o grego lhe propõe de maneira sintética e, freqüentemente, como no nosso caso, de modo fortemente abreviado. Para poder fazer isso, o tradutor moderno deve necessariamente interpretar, porque lhe são vetados quase todos os desvios dos quais se serviram os tradutores latinos. Portanto, uma moderna tradução de Aristóteles só ser uma tradução-interpretação. Alem disso, a área semântica dos vários termos gregos quase nunca corresponde, de maneira adequada e total, à área semântica dos termos das línguas modernas, de modo que a tradução de um termo por outro, se convém em determinados contextos, não convém em todos, ou gera muitas confusões. Mas há ainda outro fato que corta toda pretensão de pensar em traduzir nas línguas modernas os textos aristotélicos do mesmo modo como os traduziam os latinos: Aristóteles não escreveu os seus tratados de metafísica (quaisquer que tenham sido os tempos e os modos de composição) para publicá-los, mas para ter apontamentos e material para as suas lições e para os seus alunos, dentro do Perípato. Portanto, as dificuldades de que falávamos acima são acrescidas destas ulteriores: às vezes Aristóteles se contenta com uma única alusão ou com um breve aceno, enquanto, se tivesse escrito para leitores não-iniciados ou, pelo menos, para um público mais vasto, deveria acrescentar toda uma série de elucidações e desenvolvimentos. Isto sem falar de todo um conjunto de inconvenientes com os quais o tradutor se defronta e, por assim dizer, se enreda: existem mudanças bruscas de sujeito e de objeto, numerosos anacolutos, toda uma série de construções que seguem mais a lógica de um pensamento íntimo do que a construção exigida pela gramática e pela sintaxe da língua grega. Em suma: não há modo de o tradutor se eximir de ser um verdadeiro intérprete. Antes, poder-se-ia certamente dizer que, em certo sentido, um tradutor da Metafísica só poderá ser tal se tiver sabido ser intérprete e, mais ainda, na medida em que tiver sabido ser tal

Sobre o Autor(es)

Giovanni Reale
Formou-se em filosofia na Universidade Católica do Sagrado Coração, em Milão. Foi professor titular da cadeira de Filosofia Moral e História da Filosofia na Universidade dos Estudos de Parma. Transferiu-se à Universidade Católica de Milão, onde lecionou História da Filosofia Antiga e fundou o Centro de Pesquisas de Metafísica. Dentre os vários livros que escreveu, publicou no Brasil por Edições Loyola: Metafísica de Aristóteles (em três volumes), Para uma Nova Interpretação de Platão e Saber dos antigos - terapia para os tempos atuais.

Características

Título:
Metafísica de Aristóteles (Vol. I - Ensaio Introdutório)
Subtítulo:
Volume I - Ensaio Introdutório
Autor:
Giovanni Reale; 
Dimensões:
14.00cm x 21.00cm x 2.20cm
Peso:
391g
Edição:
3
Data de Publicação:
26/03/2002
ISBN:
9788515023615
Páginas:
352
Código:
3.0001.00.03.876