voltar Liturgia diária 17/09/2020 Quinta-Feira - 24ª Semana do Tempo Comum - Ano Par

Boa Nova para Cada Dia

17 quinta. 24ª Semana do Tempo Comum

1Cor 15,1-11; Sl 117(118),1-2.16ab-17.28; Lc 7,36-50

 

“Os convidados começaram a pensar: ‘Quem é este que até perdoa pecados?’ ”. (Lc 7,49).

Este é o Evangelho em que Jesus perdoa uma mulher conhecida como pecadora, no momento em que ele tomava uma refeição na casa de um fariseu.

O Evangelho deixa bem claro que a mulher era considerada pecadora, e que Jesus, sendo considerado por todos um profeta, devia saber disto.

Jesus não disse que a mulher era uma pecadora, nem a repeliu.

Pelo contrário mostrou ser profeta revelando o que pensava o fariseu. E fez isto de maneira discreta, descrevendo o tipo de acolhida que Lhe dera o fariseu em comparação com os gestos da mulher. Ela chorando – para demonstrar seu arrependimento dos pecados passados – lavou os pés de Jesus com suas lágrimas, enxugou-os com seus cabelos e os ungiu com perfume.

O fariseu não tinha mandado um criado lavar os pés de Jesus, como era norma de boa educação naquela época e naquele lugar de caminhos poeirentos, onde as pessoas somente calçavam sandálias. Isto foi uma desconsideração para com Jesus por parte do fariseu.

A diferença entre o agir do fariseu e da pecadora ficou muito clara para todos.

Jesus viu nos gestos da pecadora sinais de arrependimento sincero, desejo de mudar de vida. E tudo isto, movida pela santidade que Jesus inspirava. Diante dele todos deveriam sentir desejo de grande purificação do coração. Por este motivo aquela mulher o amava, e desejava ver apagados todos os seus pecados. Ele, de fato, declarou: “... os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque mostrou muito amor” (Lc 7,47bc).

Jesus não exige da mulher nenhuma confissão dos pecados.

Ele a perdoa e declara com toda autoridade que os pecados dela estavam perdoados.

E, por fim, despede-a, dizendo: “Tua fé te salvou. Vai em paz”.

E a mulher voltou para sua casa perdoada, sem ter que fazer nenhuma penitência; Jesus não lhe disse: ‘Vai e não peques mais’, como disse noutra ocasião a outra mulher (Jo 8,11), dando a entender que sua penitência seria tal mudança de comportamento.

Para aquele perdão e mudança de vida, para Jesus bastou que a mulher Lhe demonstrasse amor e fé em seu poder de perdoar.

Aqui está já um sinal para nós: o que nos leva a receber o perdão de Deus não é o medo Dele ou do inferno. É o amor por ele, porque temos fé em Seu poder de perdoar.

Os convidados se perguntaram: ‘Quem é este que até perdoa pecados?’

A resposta que encontramos e que para nós é evidente, pois sabemos que Jesus é Deus, é que Jesus pode perdoar porque os pecados são ofensas a Seu Pai e a Ele.

Mas o fariseu e seus convidados nunca tinham visto um homem perdoar os pecados de outros homens e mulheres. Para eles aquilo era um mistério. Poderiam imaginar que Jesus tinha exagerado dizendo que perdoava. No entanto o Evangelho nos deixa claro que ficaram convencidos do poder de Jesus em perdoar, porque ele o fizera com autoridade e convicção.

                Sabemos que o sacramento da reconciliação com Deus perdoa nossos pecados.

                Mas não vamos ao sacramento somente porque temos fé em Deus. Vamos ao sacramento porque, tendo fé, cumprimos o Primeiro Mandamento, o de amar a Deus sobre todas as coisas. Sem isto a fé apenas não basta, pois fé até os demônios têm e tremem de medo (Tiago 2,19), pois acreditam em Deus e em sua justiça. Mas o demônio não ama a Deus, e por isso nunca será perdoado.

                Amemos a Deus antes de tudo. E de todos os nossos pecados seremos perdoados, seja no sacramento da reconciliação, dos pecados graves, seja em qualquer momento, dos pecados leves.

Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma