voltar Liturgia diária 02/12/2020 Quarta-feira - 1ª Semana do Advento

“Tenho compaixão da multidão porque já faz três dias que está comigo, e nada tem para comer” (Mt 15,32).

 

              O detalhe da permanência da multidão por três dias com Jesus nos escapa quando lemos depressa o relato deste Evangelho.

Mas pensemos bem: 3 dias são três vezes 24 horas, o que resulta em 72 horas. O Evangelho não detalha, mas foram 3 dias e 2 noites, ao menos.

              Se aquelas pessoas todas tivessem levado consigo uma provisão de água e pão para 2 dias ao menos, no terceiro dia tudo estaria consumido. A impressão é que Jesus somente lhe deu pão no terceiro dia. Foi justo, portanto, que Jesus tivesse pena daquela multidão. Não nos esqueçamos: as mães teriam levado consigo as crianças pequenas. Vendo-as, o coração de Jesus se encheu de compaixão.

 

              Podemos supor que toda aquela gente fora ao encontro de Jesus porque tinham muitos doentes para serem curados. E Jesus os terá curado e eles terão partido para suas casas. Os 5 mil que restaram, portanto, eram apenas uma parte da multidão inicial. Isto nos leva a admirar o fascínio que Jesus exercia sobre as pessoas. Não somente se encantavam com seu ensino, como também Dele recebiam atenção nas curas. O milagre da multiplicação dos pães será algo a mais, nunca imaginado por aquela gente, nem mesmo pelos discípulos de Jesus.

 

              Imaginemo-nos no meio daquela multidão. Veríamos Jesus e ouviríamos suas santas palavras. Ficaríamos comovidos pela sua bondade, mansidão, generosidade. Sua atenção com os pobres e doentes nos encantaria de tal modo que gostaríamos ser e agir como Ele. Seu exemplo arrastava todos a uma bondade e fraternidade únicas.

 

              Ao nosso alcance o mesmo Jesus está, presente nos sacramentos da Igreja, especialmente na Eucaristia. Se queremos, teremos a mesma disposição espiritual daquela multidão que Jesus atraiu naquele dia deste milagre.

 

              Jesus vem ao nosso encontro não por apenas 3 dias. Ele está à nossa disposição todos os dias e horas. A comunhão de Seu Corpo e Sangue é a multiplicação milagrosa do alimento que nos sacia espiritualmente.

              Hoje em dia, portanto, não somos menos privilegiados do que aquela multidão que viu Jesus multiplicar os pães. Ele disse que está à nossa porta e bate:

“Eis que estou à porta e bato;

se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta,

entrarei em sua casa,

e com ele cearei,

e ele comigo”. (Ap 3,20).

 

              O que Jesus nos oferece, portanto, é antes de tudo sua intimidade divina, e o alimento para a Vida Eterna. Sejamos dignos de tudo isto, dando-Lhe graças.

 

 

 

 

Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma