voltar Liturgia diária 01/06/2020 Memória da Bem-aventurada Virgem Maria Mãe da Igreja

Primeira Leitura: At 1,12-14

12 Então eles voltaram para Jerusalém, descendo da colina que se chama “Monte das Oliveiras”, que fica a uns 800 metros de Jerusalém. 13 Depois de terem entrado na cidade, subiram ao andar de cima da casa, onde costumavam ficar. Ali estavam Pedro, João, Tiago e André; Filipe e Tomé; Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelota, e Judas, filho de Tiago. 14 Todos eles rezavam constantemente na mais íntima união, com algumas mulheres, com Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos dele.

 

Salmo: Sl 86(87),1-2.3 e 5.6-7

R.: “Queremos ir convosco, porque Deus está convosco!”.

1 O senhor ama a cidade  que fundou no monte santo. 2 Ama as portas de Sião  mais que todas de Jacó.

3 De ti, ó cidade dele,  Deus diz coisas gloriosas; 5 De Sião, porém, é dito:  “Eis a mãe de todo homem!”.

6 O altíssimo o confirma,  as nações recenseando:  “Foi ali que estes nasceram!”. 7 Cantarão todos por isso,  exultando em suas danças:  “Eis em ti as nossas fontes!”.

 

Evangelho: Jo 19,25-34

25 Perto da cruz de Jesus, estavam sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena. 26 E Jesus, vendo sua mãe e perto dela o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí teu filho!”. 27 Em seguida, disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe!”. E desde aquela hora o discípulo a recebeu aos seus cuidados. A morte de Jesus. 28 Depois, sabendo que estava tudo consumado, Jesus, cumprindo a Escritura, disse:  Tenho sede. 29 Havia por ali um vaso cheio de vinagre. Prendendo uma esponja embebida em vinagre na haste de um hissopo, a levaram à boca de Jesus. 30 Depois de ter tomado o vinagre, Jesus exclamou: “Tudo está consumado!”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. Sangue e água jorram do lado de Jesus. 31 Entretanto, como era o dia da Preparação, os judeus, com medo de que os corpos ficassem nas cruzes durante o sábado — este dia de sábado devia ser muito importante —, pediram a Pilatos licença para lhes quebrar as pernas e retirar os corpos de lá. 32 Os soldados então, foram, quebraram as pernas do primeiro e, depois, do outro que tinha sido crucificado com ele. 33 Quando chegaram, porém, a Jesus, viram que já estava morto e não lhe quebraram as pernas; 34 mas um soldado lhe abriu o lado com a lança e, no mesmo instante, saiu sangue e água.

Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2019 - Ano C - São Lucas, Brasília, Edições CNBB, 2018.

Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola, 2016

 

Boa Nova para cada dia

Mulher, este é teu filho”.

A memória que fazemos da liturgia comemorativa da Virgem Maria Mãe da Igreja conduz nossa meditação para o momento em que esta maternidade de Maria sobre a Igreja se tornou realidade, em seu primeiro momento.

Este primeiro momento em que Maria assume seu papel materno sobre a Igreja é profundamente significativo: é o momento em que Jesus, no fim de sua existência terrena, deixa para nós um testamento: ele se preocupava com a comunidade que estava por vir depois de sua morte, a Igreja, a comunidade de seus discípulos, todos os que seriam batizados em seu nome. E esta comunidade não começaria senão com a ação evangelizadora dos apóstolos e demais discípulos. E naquele momento, os discípulos de Jesus, os apóstolos, eram representados pelo discípulo que Jesus amava, João Evangelista. Notemos eu neste momento, João Evangelista não está só aos pés de Jesus crucificado: com ele está a mãe de Jesus, Maria, a pessoa que em primeiro lugar Jesus mais amava. Vemos, portanto, aos pés de Jesus as pessoas mais amadas por ele.

Notemos como João Evangelista, nesta cena, consola a Mãe de Jesus. Mas, na verdade, tratava-se de um apoio, de uma consolação mútua: Maria também fortalecia o discípulo transtornado com aquele fim inesperado da vida de Jesus; ela era a presença da mãe forte.

Por mais que Maria conhecesse seu Filho profundamente, e guardasse em seu coração as profecias sobre a morte dele, naquele momento seu sofrimento era indescritível. Ela podia consolar João Evangelista com a força vivenciada por toda a vida dela apoiada no que o Anjo Gabriel lhe dissera três décadas antes: “O Senhor está contigo”. Ela nunca esteve sozinha. Deus esteve sempre com ela, porque santíssima, em contínua intimidade com Deus. Deus a santificava, protegia, consolava, fortalecia e iluminava: foi assim que entendeu os mistérios da vida de Jesus. Foi assim que aprendeu a consolar os discípulos dele sempre que dela necessitassem.

Que palavras Maria diria a João Evangelista neste momento em que ela reunia todas as suas forças e coragem para enfrentar o momento dolorosíssimo da agonia de Jesus na cruz? Ela a mulher que vivia com fortaleza o mistério da Salvação. Ela podia consolar João Evangelista.

João era a imagem da Igreja nascente, viu a agonia de Jesus com sua Mãe.

Passada a morte de Jesus, João acolheu Maria em sua casa. Esta fora a responsabilidade que Jesus lhe dera antes. João a cumpriu cuidadosamente.

A Igreja não nasceu sem uma mãe. Esta foi a própria mãe de Jesus.

A vontade de Jesus continua até hoje sendo obedecida. Jamais Maria, a Mãe de Jesus, deixou de cumprir o que lhe foi confiado por seu filho. A Igreja dos apóstolos, da comunidade cristã nascente em Jerusalém, a Igreja de todos os séculos sempre foi protegida pela presença materna e consoladora desta mãe.

Ao longo dos séculos, nos momentos difíceis da história da Igreja, a presença de Maria sempre se fez presente. E em diferentes lugares, ela veio, até mesmo, nos advertir com suas aparições, seja a pessoas particulares seja a grande número de pessoas firmes na fé.

Como devemos entender Maria como nossa mãe, sendo que cada um de nós, batizados no nome de Jesus, somos seus filhos, membros da Igreja? Todos nós sabemos muito bem disto. E é este o momento de recordarmos a presença de Maria em nossa vida pessoal, em nossa comunidade paroquial, em nossa diocese, na Igreja de todo o mundo. Mais do que tudo, temos o exemplo de João Evangelista para nosso relacionamento com Maria: relacionamento reverente, atencioso, fiel, afetuoso, de filhos para com uma mãe querida, unida sempre a seu Filho, nossa intercessora, advogada, modelo, e, enfim, mãe.


Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma