voltar blog 18/01/2024 Da manjedoura ao sepulcro vazio

José Eduardo Câmara (*)

Na véspera do Natal, as Edições Loyola lançaram  “Da Manjedoura ao Sepulcro Vazio - Reflexões sobre o Natal e a Páscoa” (216 págs., R$ 39,90), de Fábio Tucci Farah, meu confrade na Academia Brasileira de Hagiologia e renomado especialista em Sagradas Relíquias. Com prefácio de Dom Orani Tempesta, cardeal e arcebispo do Rio de Janeiro, e apresentação do Dr. Silvonei José Protz, a obra é uma coletânea de reflexões escritas no decorrer de quase duas décadas nas maiores solenidades da Igreja: o Natal e a Páscoa.

Artigos simples na forma, profundos no sentido. Esta definição sintética não toca o senso da obra, nem define plenamente seu estilo literário, da crônica à poesia, ano a ano. Neste livro acompanhamos uma trajetória de descoberta, maturidade e conversão. Talvez o melhor modo de descrever a presente obra seja exatamente este: é uma trajetória, um percurso, uma viagem. E a cada página – a cada ano - viajamos com ele. Após ler o livro quase somos tentados a chamar o autor pelo primeiro nome. A verdade é que nos sentimos a cada mensagem como se estivéssemos revendo um antigo amigo.

A obra, no seu todo, é um convite a um itinerário autenticamente humano - uma viagem verdadeiramente espiritual - ou melhor, somos convidados a partilhar com o autor sua própria trajetória, seu caminho de descobertas, conversões e encontros, muito especialmente o caminho que conduz ao Amor. Este Amor, com letra maiúscula, que muda tudo, nossa vida e nossas perspectivas.

É a ter um olhar novo que Fábio nos leva, quando nos testemunha como ele mesmo foi aprendendo a olhar a realidade com olhos novos, com os olhos de Cristo. Olhos novos para o Presépio, olhos novos para a Páscoa, olhos novos para os pobres, olhos novos para os que sofrem. Com ele, vamos vendo como Cristo se encontra na vida cotidiana, entre dores, sofrimentos, angústias e misérias. E como, com estes olhos novos, é possível discernir suas feições divino-humanas nas crianças, nos enfermos, nos refugiados.

É um convite a abrir os ouvidos da alma, a purificar nossa audição, para conseguir ouvir o Mestre, pois sim, Ele fala conosco, como confidencia o próprio autor na sua peregrinação a Santiago de Compostela: “Sempre estarei em seu coração”.

É um livro que nos leva a viajar, pois afinal de contas os bons livros são assim. Fábio nos leva à Palestina, ao Líbano, à Espanha e até mesmo à França. Mas, sobretudo, somos convidados sutilmente a viajar ao nosso próprio coração, terra que propositadamente evitamos visitar.

É um convite, no fundo, a entrar no Mistério de Cristo – do Natal à Páscoa. Já na introdução, ele nos diz: “Tornei-me um expectador do nascimento, morte e ressurreição de Cristo”. E a cada texto assistimos surgir diferentes personagens: um pastor em pedaços, Maria e José no Presépio, Madalena no Sepulcro, Pedro, Tiago e João no Gethsêmani, e até mesmo Judas Iscariotes. E, à medida que vamos seguindo a leitura do livro, vamos nos dando conta de que somos conduzidos a deixar de ser expectadores e nos transformamos em “atores”, somos convidados a “entrar” na vida de Cristo. Por acaso, não é para isso que somos chamados? O Evangelho é realidade tão atual quanto transformadora.

José Eduardo Câmara é advogado, tradutor e escritor. É autor do livro “Os Anjos na vida dos santos”.

 

Fonte: Livro: Da manjedoura ao sepulcro vazio - Vatican News