voltar Liturgia diária 05/04/2020 Boa Nova para Cada Dia - 6º Domingo da Quaresma - Domingo de Ramos da Paixão do Senhor - Ano A

Evangelho para Bênção de Ramos: Mt 21,1-11 (Entrada em Jerusalém)

Já nas proximidades de Jerusalém, quando chegaram a Betfagé, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, 2dizendolhes: “Ide ao povoado que está ali mais adiante. Logo encontrareis uma jumenta amarrada e um jumentinho com ela. Desamarrai-a e trazei-os. 3 Se alguém vos disser alguma coisa, respondei: ‘O Senhor precisa deles, e logo os mandará de volta’”. 4Ora, isso aconteceu para que se cumprisse o que tinha sido dito pelo profeta: 5Dizei à filha de Sião: Eis que teu rei vem a ti. Modesto, ele monta num jumento, num jumentinho, filhote desse animal de carga. 6Os discípulos foram então e fizeram conforme Jesus lhes tinha mandado, 7 trazendo a jumenta e o jumentinho. Cobriram-nos com seus mantos e Jesus montou. 8A esta altura, o povo em multidão começou a estender seus mantos pelo caminho. Enquanto muitos cortavam ramos das árvores e forravam o chão por onde ele passava. 9As multidões que o precediam e o seguiam gritavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus! 10Ao entrar em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou e perguntava: 11“Quem é este?”, e a multidão respondia: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia”

 

Primeira Leitura: Is 50,4-7

4O Senhor Javé deu-me uma língua de discípulo, para eu confortar com a palavra o que está cansado. Ele desperta cada manhã meus ouvidos, para eu ouvir como os discípulos. 5O Senhor Javé abriu-me o ouvido: não resisti nem recuei para trás. 6Entreguei minhas costas aos que me batiam, as faces aos que me arrancavam a barba. Não desviei minha face dos que me injuriavam e cuspiam. 7O Senhor Javé será meu protetor, por isso não serei confundido. Tornei minha face dura como pedra e sei que não ficarei envergonhado.

 

Salmo: Sl 21(22),8-9.17-18a.19-20.23-24 (R/. 2a)

R.: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste!

8Todos os que me veem me desprezam, abanam entre risos a cabeça: 9 “Ele em Deus confiou, Deus o liberte, e o tire de onde está, se o ama tanto!”

17Pois inúmeros cães giram-me em torno, bandos de malfeitores me rodeiam. 18aFuraram minhas mãos, meus pés furaram, eis que posso contar meus ossos todos.

19 repartem entre si as minhas vestes, sorteiam entre eles minha túnica. 20Mas tu, Senhor, não fiques longe assim; ó minha força, corre em meu socorro!

23Anunciarei teu nome aos meus irmãos, louvar-te-ei no meio da assembleia. 24Vós, que temeis a Deus, louvai-o todos; estirpe de Jacó, glorificai-o, temei-o vós, linhagem de Israel!

 

Segunda Leitura: Fl 2,6-11

6subsistindo como imagem de Deus, não julgou como um bem a ser conservado com ciúme sua igualdade com Deus, 7muito pelo contrário: ele mesmo se reduziu a nada, assumindo condição de servo e tornando-se solidário com os homens. E sendo considerado homem, 8humilhou-se ainda mais, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz! 9Por isso é que Deus o exaltou grandemente e lhe deu um nome que está acima de todo nome, 10para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, 11e toda língua proclame, para glória de Deus Pai: “Jesus Cristo é o Senhor!”

 

Evangelho: Mt 26,14-27,66 (Paixão do Senhor)

26.14Então, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, procurou os sacerdoteschefes. 15E lhes propôs: “Quanto me quereis pagar para eu o entregar a vós?”. Eles lhe garantiram dar trinta moedas de prata. 16E desde aquele momento, ele procurava uma boa ocasião para o entregar. 17No primeiro dia da festa dos pães sem fermento, os discípulos foram dizer a Jesus: “Onde queres que te preparemos o necessário para comer a Páscoa?”. 18Ele respondeu: “Ide à cidade, à casa de fulano de tal, e dizei-lhe: O mestre manda avisar: O meu tempo está próximo. Quero celebrar em tua casa a ceia pascal com os meus discípulos”. 19Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha ordenado, e prepararam a ceia pascal. 20Chegada a tarde, ele se pôs à mesa em companhia dos Doze. 21Enquanto comiam, disse: “Eu vos declaro esta verdade: um de vós me trairá”. 22Profundamente entristecidos, cada um começou a perguntar: “Senhor, por acaso serei eu?”. 23Ele respondeu: “Quem me há de trair é o que acabou de colocar a mão comigo no prato. 24O Filho do homem vai embora como está escrito a seu respeito. Mas ai daquele pelo qual o Filho do homem está sendo traído! Melhor seria para ele não ter nascido!”. 25Por sua vez, Judas, que o traiu, perguntou-lhe: “Mestre, serei eu por acaso?”. Respondeu Jesus: “Tu mesmo acabas de dizer”. 26Ora, durante a ceia, Jesus tomou o pão e, tendo dito a fórmula da bênção, partiu-o e o distribuiu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, comei. Isto é o meu corpo”. 27Em seguida, tomando o cálice, deu graças e o entregou, dizendo: “Bebei todos dele, 28porque este é o meu sangue, o sangue da Aliança, que vai ser derramado por muitos para a remissão dos pecados. 29Entretanto, vos declaro: não beberei mais deste fruto da videira, até o dia em que eu beber o vinho novo convosco no reino do meu Pai”. 30Depois de terem cantado os Salmos, saíram em direção ao Monte das Oliveiras. 31 Jesus lhes disse: “Todos vos escandalizareis por minha causa esta noite, porque está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão. 32Mas, depois que houver ressuscitado, eu vos precederei na Galileia”. 33Tomando então a palavra, Pedro lhe disse: “Embora todos se escandalizem por tua causa, eu jamais me escandalizarei”. 34 Jesus respondeu: “Eu vos declaro esta verdade: nesta mesma noite, antes de o galo cantar, tu me renegarás três vezes”. 35Mas Pedro continuou: “Ainda que eu deva morrer contigo, não te renegarei!”. E todos os outros discípulos disseram a mesma coisa. 36Então Jesus chegou com eles a um sítio chamado Getsêmani e disse aos discípulos: “Sentai-vos aqui, enquanto vou ali rezar”. 37Levou consigo Pedro, mais os dois filhos de Zebedeu, e começou a sentir tristeza e angústia. 38Disse-lhes: “A minha alma está envolta numa tristeza mortal. Ficai aqui e vigiai comigo”. 39Adiantou-se um pouco e caiu com o rosto por terra, fazendo esta prece: “Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice! Entretanto, não se faça como eu quero, mas como tu queres!”. 40Voltando em seguida aos discípulos, encontrou-os dormindo. E disse a Pedro: “Mas não fostes capazes de vigiar uma hora comigo? 41Vigiai e orai para não entrardes em tentação, porque o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. 42Afastou-se de novo uma segunda vez, para rezar: “Meu Pai, dizia ele, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”. 43Em seguida, voltou e os encontrou novamente dormindo, porque os seus olhos estavam pesados de sono. 44Deixou-os e foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Depois, foi ter uma vez mais com os discípulos. 45E lhes disse: “Continuai a dormir e descansai. Eis que chegou a hora na qual o Filho do homem será entregue às mãos dos pecadores… 46Levantai-vos! Vamos! Eis que está chegando aquele que me atraiçoa”. 47Ainda falava, quando chegou Judas, um dos Doze, acompanhado por muita gente com espadas e bastões, enviada pelos sacerdotes-chefes e anciãos do povo. 48Ora, o traidor lhes havia indicado esta senha: “Aquele que eu beijar é ele. Prendei-o!”. 49E logo se aproximou de Jesus, dizendo: “Salve, Mestre”. E o beijou. 50Mas Jesus lhe disse: “Amigo, para isto é que vieste?”. Aproximaram-se, então, lançaram as mãos em Jesus e o prenderam. 51E aconteceu que um daqueles que estavam com Jesus, levando a mão à espada, desembainhou-a e feriu o servidor do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha. 52Mas Jesus lhe disse: “Embainha de novo tua espada! Porque todos aqueles que usam da espada pela espada morrerão! 53 Será que pensas que eu não posso recorrer a meu Pai, que me daria num momento mais de doze legiões de anjos? 54Mas como então se cumpririam as Escrituras, segundo as quais é necessário que tudo isto aconteça?”. 55Naquela mesma hora disse Jesus à multidão: “Saístes como quem procura um bandido, com espadas e bastões para me prender. Todos os dias eu estava sentado e ensinando no Templo e não me prendestes”. 56Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos Profetas. Então todos os seus discípulos o abandonaram e fugiram. 57Os que tinham prendido Jesus conduziram-no à casa do Sumo Sacerdote Caifás, onde se tinham reunido os mestres da lei e anciãos. 58Pedro, entretanto, o seguira de longe até o palácio do Sumo Sacerdote. Tendo entrado, sentou-se com os guardas para ver no que ia dar aquilo. 59Os sacerdotes-chefes e todo o Sinédrio estavam à procura de um falso testemunho contra Jesus, para poderem condená-lo à morte. 60Mas não o conseguiram, embora muitas falsas testemunhas se tivessem apresentado. Afinal, apresentaram-se duas. 61Elas declararam: “Este homem afirmou: ‘Eu posso destruir o Templo de Deus e reedificá-lo em três dias!’”. 62Levantando-se, disse-lhe o Sumo Sacerdote: “Nada tens para responder? Que é que estes depõem contra ti?”. 63Mas Jesus permanecia calado. Então, o Sumo Sacerdote lhe disse: “Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se és o Messias, o Filho de Deus”. 64 Jesus respondeu: “Tu mesmo acabaste de dizer. Eu somente vos declaro: de agora em diante vereis o Filho do homem sentado à direita do Todopoderoso e vindo sobre as nuvens do céu”. 65Então, o Sumo Sacerdote rasgou as suas vestes exclamando: “Blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Acabais de ouvir a blasfêmia! 66Que vos parece?”. Eles responderam: “É réu de morte!”. 67Então, cuspiram no seu rosto e cobriram-no de socos. Outros lhe davam bordoadas. 68E lhe diziam: “Mostra que és profeta, ó Cristo: adivinha quem foi que te bateu!” 69Enquanto isto, Pedro estava sentado lá fora, no pátio do palácio. Uma empregada se aproximou dele e disse: “Tu também estavas com Jesus, o Galileu”. 70Mas ele assim negou diante de todos: “Não sei o que queres dizer”. 71Quando ele se dirigia para a entrada da casa, outra empregada o viu e disse aos que lá estavam: “Este homem estava com Jesus, o Nazareno”. 72Mas ele novamente negou com juramento: “Não conheço esse homem!”. 73Pouco depois, os que estavam ali chegaram perto de Pedro e disseram: “Seguramente, também tu és um deles! Pois até mesmo o teu sota que te atraiçoa! 74Então ele começou a rogar pragas contra si com juramento: “Não conheço esse homem”. E logo depois o galo cantou. 75Pedro então se lembrou da palavra de Jesus que lhe tinha dito: “Antes que o galo cante, tu me renegarás três vezes”. E vindo para fora, começou a chorar amargamente. 1De madrugada, todos os sacerdotes-chefes e anciãos do povo tomaram a deliberação contra Jesus, de o condenar à morte. 2Depois o levaram amarrado e o entregaram ao governador Pôncio Pilatos. 3Então, Judas, o traidor, vendo que ele tinha sido condenado, ficou tomado de remorsos e levou as trinta moedas de prata aos sacerdoteschefes e anciãos: 4 “Pequei, disse ele, traindo o sangue inocente!”. Mas eles responderam: “Que nos importa? Isso é lá contigo!”. 5Ele atirou as moedas de prata contra o Santuário, retirou-se de lá e foi se enforcar. 6Tendo recolhido o dinheiro, os sacerdotes-chefes disseram: “Não é permitido repô-lo no cofre, porque é o preço do sangue”. 7E deliberaram comprar com ele o Campo do Oleiro, para sepultar ali os estrangeiros. 8Por isso, aquele campo é chamado até hoje “Campo do Sangue”. 9Deste modo se cumpria o que tinha sido predito pelo profeta Jeremias: E tomaram as trinta moedas de prata, preço daquele que foi avaliado segundo a estimativa dos filhos de Israel, 10e as deram em troca do campo do oleiro, conforme o Senhor me tinha ordenado! 11Entretanto, Jesus foi levado à presença do governador. E este o interrogou: “Tu és o rei dos judeus?”. Jesus declarou: “Tu o dizes”. 12Mas em seguida não respondeu nada às acusações que os sacerdotes-chefes e anciãos faziam contra ele. 13Pilatos então perguntou: “Não ouves como te acusam de tantas coisas?”. 14Mas Jesus nada respondeu a nenhuma delas, a ponto de o governador ficar muito surpreendido. 15Por ocasião da Festa, o governador costumava conceder ao povo a libertação do preso que este escolhesse. 16Havia então um prisioneiro famoso, chamado Barrabás. 17Pilatos perguntou aos que estavam reunidos ali: “A quem quereis que eu solte: a Barrabás ou a Jesus, chamado o Messias?”. 18Pois bem sabia que o tinham entregue por inveja. 19Ora, enquanto ele presidia o tribunal em sua sede própria, sua mulher mandou-lhe dizer: “Não te envolvas com esse justo porque hoje estive muito atormentada em sonho por causa dele”. 20Mas os sacerdotes-chefes e anciãos convenceram a multidão a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus. 21Retomando a palavra, o governador lhes perguntou: “Qual dos dois quereis que eu solte?”. Eles responderam: “Barrabás!”. 22Pilatos perguntou: “Então que farei de Jesus, chamado Cristo?”. Responderam todos: “Seja crucificado!”. 23Pilatos insistiu: “Que mal fez ele?”. Mas eles gritavam sempre com mais força: “Seja crucificado!”. 24Pilatos, vendo que nada conseguia, mas que o tumulto aumentava, mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão e declarou: “Não sou responsável pelo sangue deste homem. Isto é lá convosco!”. 25Todo o povo respondeu: “Caia o seu sangue sobre nós e sobre nossos filhos!”. 26Então, lhes soltou Barrabás. Quanto a Jesus, depois de o ter mandado açoitar, entregou-o para ser crucificado. 27Aí os soldados do governador levaram Jesus ao seu palácio e reuniram ao redor dele toda a guarnição. 28Tiraram a roupa com que ele estava e o vestiram com um manto vermelho. 29Entrelaçaram ramos de espinhos em forma de coroa, e a colocaram sobre a sua cabeça como também uma cana na mão direita. E ajoelhavam-se diante dele caçoando com estas palavras: “Salve, Rei dos Judeus!”. 30Cuspiam nele. Pegavam o bastão e batiam com ele na cabeça. 31 Depois dessas zombarias, tiraram o manto e de novo o vestiram com a sua roupa e daí o levaram para ser crucificado. 32Na saída, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão e o forçaram a carregar a cruz de Jesus. 33Chegaram ao lugar chamado Gólgota — nome que significa “Lugar do Crânio”. 34Deram-lhe para beber vinho misturado com fel. Mas Jesus provou e não quis beber. 35Então o crucificaram. A seguir, dividiram entre si a sua roupa mediante um sorteio. 36Depois, sentaram e ficaram ali montando guarda. 37Também puseram por sobre a sua cabeça um letreiro com o motivo da condenação: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus!”. 38Então foram crucificados com ele dois bandidos: um do lado direito, outro do esquerdo. 39Os passantes o insultavam. Balançando a cabeça, 40diziam: “Tu que és capaz de destruir o Templo e o reconstruir em três dias, salva-te a ti mesmo, se és o Filho de Deus, desce da cruz!”. 41Também os sacerdotes-chefes, os mestres da lei e os anciãos caçoavam dele é comentavam: 42 “Salvou os outros e não pode salvar a si mesmo! É o rei de Israel: desça agora da cruz e creremos nele! 43 Pôs sua confiança em Deus. Se Deus lhe quer bem, que o livre agora, pois ele disse: ‘Eu sou o Filho de Deus’”. 44Também os bandidos crucificados com ele o insultavam do mesmo modo. 45Desde o meiodia até às três da tarde, uma escuridão cobriu toda a terra. 46E lá pelas três horas, Jesus bradou em alta voz: Eli, Eli, lema sabactáni? que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? 47Ouvindo isto, alguns dos presentes diziam: “Está chamando Elias!”. 48No mesmo instante um deles correu, pegou uma esponja embebida com vinagre, colocou-a na ponta de uma haste e dava para ele beber. 49Mas outros diziam: “Espera! Vamos ver se Elias vem salvá-lo!”. 50Então Jesus bradou novamente com voz forte e entregou o espírito. 51No mesmo instante o véu do Santuário se rasgou em duas partes, de alto a baixo; a terra tremeu e as rochas se partiram. 52Os sepulcros se abriram. Muitos corpos de santos falecidos ressuscitaram. 53Eles saíram dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus. Entraram na Cidade Santa e apareceram a muitos. 54O centurião e os que estavam montando guarda a Jesus, vendo o terremoto e tudo o que se passava, ficaram fortemente assustados e exclamaram: “Verdadeiramente este era Filho de Deus!”. 55Ali também estavam muitas mulheres que observavam de longe. Eram as mesmas que tinham acompanhado Jesus desde a Galileia, para o servir. 56Entre outras, achavam-se Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. 57Ao cair da noite, chegou um homem rico de Arimateia, chamado José, que também era discípulo de Jesus. 58Apresentou-se a Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. Pilatos ordenou que lhe fosse entregue. 59 José tomou o corpo, envolveu-o num lençol de linho bem asseado, 60e o depositou no sepulcro novo que para si mesmo tinha mandado cavar no rochedo. Rolou depois uma grande pedra até a entrada do sepulcro e se retirou. 61Entretanto, lá ficaram Maria Madalena e a outra Maria, sentadas em frente do sepulcro. 62No dia posterior ao que era chamado “Preparação”, os sacerdotes-chefes e os fariseus foram juntos à casa de Pilatos. 63E lhe disseram: “Senhor, nós estamos lembrados de que aquele impostor disse em vida: ‘Depois de três dias ressuscitarei!’. 64Ordena, pois, que o sepulcro seja bem guardado até o terceiro dia, para que os discípulos não possam ir roubá-lo e depois digam ao povo: ‘Ele ressuscitou dos mortos!’ Esta impostura seria pior do que a primeira”. 65Pilatos respondeu: “Tendes a vossa guarda. Ide e ponde o sepulcro em segurança como quiserdes”. 66Eles foram pôr em segurança o sepulcro, selando a pedra e colocando guardas.


Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2019 - Ano C - São Lucas, Brasília, Edições CNBB, 2018.

Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola, 2016

 

DE AGORA EM DIANTE VEREIS O FILHO DO HOMEM

SENTADO À DIREITA DO TODO-PODEROSO,

VINDO SOBRE AS NUVENS DO CÉU.

(Mt 27,64)

 

Primeira Leitura: Is 50,4-7.

... o Senhor Deus é meu auxiliador,

por isso não me deixei abater o ânimo...

... não sairei humilhado. (Isaías 50,7).

 

            A liturgia do Domingo de Ramos abre a Semana Santa com a alegria que se apoderou do povo de Jerusalém diante dos prodígios, milagres de curas e ressurreição que Jesus realizou.

            Jerusalém reconheceu em Jesus seu Messias.

            O Povo de Deus acreditou no Reino de Deus que Jesus havia pregado todos aqueles anos.

            Eles viam em Jesus a manifestação da Glória de Deus.

            Deixemo-nos mover pelo entusiasmo e alegria de Jerusalém.

            Sabendo que Jesus vai rumo à morte, não nos esqueçamos da mensagem de otimismo que a Liturgia deste domingo nos dá. Este otimismo é todo teologicamente bem aprofundado em todas as Leituras e no Salmo de hoje.

            A Primeira Leitura é de Isaías 50,4-7, que é um dos hinos do Servo de Javé.

            O Servo de Javé, figura misteriosa nos escritos de Isaías, é a figura do homem que se oferece a Deus para a remissão dos pecados de Seu Povo. Embora sua morte seja dolorosa porque considerado criminoso por seus inimigos, na verdade sua morte é a vitória de Deus em sua obra salvadora.

            Assim também a Liturgia nos mostra a morte à qual Jesus Cristo vai se entregar. Embora condenado como um criminoso pelo tribunal humano dos líderes judeus, sua Morte será a gloriosa manifestação do poder salvador de Deus para toda a humanidade.

            Jesus não é perdedor mesmo sendo sofredor e necessitado da ajuda do Pai.

            Ele é o vencedor da injustiça dos homens e do poder da morte que se abate sobre toda a humanidade pecadora.

            Consideremos, portanto, neste Domingo de Ramos, a manifestação da Glória de Deus em Jesus Cristo depois que padece sobre a cruz sua Morte redentora.

            Na mente de Jesus Cristo jamais passou a ideia de uma morte vergonhosa ou sem sentido.

            Ele vai à morte gloriosa, sem medo, sem hesitação, em pleno cumprimento amoroso da vontade do Pai.

            Em união com Jesus neste momento, ouçamo-Lo dizendo as mesmas palavras do Servo de Javé:

... o Senhor Deus é meu auxiliador,

por isso não me deixei abater o ânimo ...

... não sairei humilhado. (Isaías 50,7).

            Humilhado pelos líderes judeus, Jesus saboreia antecipadamente a vitória de Deus em sua Morte.

            Permaneçamos unidos a Jesus enquanto ouvimos esta Primeira Leitura, pedindo-lhe compaixão por sua dor e alegria por sua futura vitória.

 

Salmo Responsorial: Sl 21(22),8-24.

...ó Senhor, não fiqueis longe,

ó minha força, vinde logo em meu socorro! [Sl 21(22),20.].

 

            A natureza humana do Filho de Deus sentiu dor e sofrimento no momento em que teve a certeza de que seria condenado à morte pelos líderes de Jerusalém.

            O Salmo Responsorial de hoje se aplica a Jesus: é uma lamentação diante de Deus, pedindo força e conforto nos sofrimentos que estão para chegar.

            É precisamente este sentimento que tomou conta de Jesus e o levou a rezar no Monte das Oliveiras durante sua agonia. Podemos entender como sua oração o que o Salmo diz em seu versículo 20: ... ó Senhor, não fiqueis longe, ó minha força, vinde logo em meu socorro!

            No mais profundo sofrimento toda pessoa tem a sensação de estar entregue a si mesma. Jesus sentiu o mesmo diante da morte. Ele recorreu ao Pai: ... ó Senhor, não fiqueis longe.

            Na certeza de que não podia contar com ajuda humana alguma diante de seus inimigos, Jesus pediu ao Pai: ó minha força, vinde logo em meu socorro!

            Meditemos todo este Salmo, como pedidos e súplicas saídas da boca de Jesus.

            Sintamo-nos junto a Ele para O consolar em seu sofrimento.

 

Segunda Leitura: Fl 2,6-11.

... humilhou-Se a Si mesmo,

fazendo-Se obediente até a morte,

e morte de cruz. (Fl 2,8).

 

            Esta Segunda Leitura traz a riqueza espiritual, litúrgica e teológica dos primeiros cristãos. É um hino que a comunidade de Filipos cantava em sua liturgia.

            Com os primeiros cristãos, entremos na atmosfera do sofrimento aceito por Jesus em sua entrega à morte, por decisão livre, e livre porque por amor ao Pai, no cumprimento de Sua Vontade.

            O hino diz que Jesus fez-Se obediente até morrer, e numa morte de cruz.

            Obediente até a morte é quem ama a Deus perfeitamente como Jesus amou.

            Morte de cruz é a morte de quem merecia o ódio de seus acusadores. Aceitá-la livremente somente foi possível a Jesus pelo seu amor infinito ao Pai e aos homens que assim estava para salvar.

            O que permanece de tudo o que lemos neste hino sobre Jesus?

            Antes de tudo o amor de Jesus ao Pai, amor que O levou à absoluta obediência.

O Amor de Jesus ao Pai foi mais forte que seu temor da morte.

            É neste amor de Jesus ao Pai que devemos nos deter, lembrando-nos que Jesus não só ensinou a cumprir perfeitamente o Primeiro Mandamento, como nos ensinou a cumpri-lo na oração do Pai-Nosso: ... seja feita a Vossa Vontade.

            E, como a comunidade de Filipos, lembremo-nos: a morte de Jesus não ficou sem sentido. Deus a aceitou como remissão dos pecados de toda a humanidade.

            Deus premiou Seu Filho dando-lhe o título do Poder: Senhor (Fl 2,11).

            Como Senhor Jesus voltará no fim dos tempos sobre as nuvens do céu, com poder de juiz. Será o momento em que julgará os que o condenaram à morte. Ele os julgará com justiça divina, dando-lhes a pena merecida por não O terem aceitado, pois Ele mesmo lhes revelara que era o Filho de Deus (Mt 27,64).

 

Evangelho: Mt 26,14 - 27,66.

... de agora em diante vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso,

vindo sobre as nuvens do céu. (Mt 27,64).

 

            Todo o Evangelho de hoje é sobre a condenação, morte e sepultamente do Jesus.

            Sua longa leitura nos introduz no ambiente espiritual das primeiras comunidades cristãs, as primeiras a ouvir estes relatos oralmente, em suas longas vigílias, e depois, por escrito, como ficou nos Evangelhos Sinóticos.

            Porém não devemos esquecer o otimismo que esta condenação, morte e sepultura de Jesus nos lembram: foi tudo cumprimento da vontade de Deus Pai no fim da vida humana de Cristo.

            Assim, entre tantos pensamentos e sentimentos que este Evangelho provoca em nós, retenhamos o pensamento da vitória prenunciada por Jesus quando disse a seus juízes injustos:

            ... de agora em diante vereis o Filho do Homem

            sentado à direita do Todo-poderoso,

            vindo sobre as nuvens do céu. (Mt 27,64).

            Mantenhamos nossa mente e nosso coração fixos nestas palavras de Jesus.

            Assim celebraremos este Domingo de Ramos de maneira espiritual adequada: sentindo dor com o Cristo doloroso, e alegria com o Filho de Deus vitorioso sobre a morte, para ressuscitar e nos dar a participação em Sua ressurreição. E, em Seu retorno glorioso, no fim dos tempos, Ele nos levará ao céu consigo.


Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma