voltar Liturgia diária 26/09/2021 26º Domingo Do Tempo Comum

Dia 26 – 26º Domingo do Tempo Comum: Nm 11,25-29; Sl 18(19); Tg 5,1-6; Mc 9,38-43.45.47-48.

BOA NOVA PARA CADA DIA. A LITURGIA DIÁRIA COMENTADA

A incompreensão dos discípulos progride infelizmente. Somente a experiência do mistério pascal dará a eles a graça da compreensão do mistério de Jesus Cristo e da sua condição de discípulos. Aqui, aparece um novo tema da incompreensão dos discípulos. O porta voz do grupo dos discípulos, desta vez, é João, um dos filhos de Zebedeu (cf. Mc 1,19), talvez por seu caráter pretensioso, o que aparecerá com maior clareza mais adiante no relato (Mc 10,35-40). Os discípulos pretendem que nenhum exorcismo pode ser praticado em nome de Jesus se a pessoa que o pratica não participa do grupo dos discípulos. Por isso, eles impediram alguém, anônimo, de praticar o exorcismo (cf. v.38). Atitude que Jesus reprova, pois o seu nome e o bem que por ele se realiza não é monopólio da comunidade nem de qualquer outro grupo. Onde há o bem realizado Deus aí está. Deus está na origem de toda a iniciativa que promove e protege a vida; Deus é a fonte de todo o esforço sincero e verdadeiro de arrancar das forças do mal o ser humano. Os discípulos, e o leitor com eles, devem compreender que o bem não é propriedade de nenhum grupo, e que onde o mal é vencido, esta vitória é fruto do poder de Jesus Cristo ressuscitado que age em tudo e por meio de todos. Em seguida, Jesus exorta os discípulos a se abrirem ao bem que vem de fora (cf. v.41). A diversidade e a diferença são bens através dos quais se manifestam a bondade de Deus e a caridade de Cristo. A comunidade é interpelada a viver a coerência entre a fé professada e a fé vivida. O escandalon é a pedra de tropeço, isto é, o obstáculo que impede os outros de progredirem e permanecerem na vida cristã. A pura aparência, a vaidade das práticas religiosas devem ser rejeitadas em nome da coerência, do acordo interno e profundo entre a fé e a sua vivência. O modo de vida dos discípulos deve ser o testemunho que estimula outros a desejarem viver a vida de Jesus Cristo. O texto não é um convite à mutilação, mas um apelo a não consentir com uma vida ambígua e fragmentada. O coração do discípulo não pode estar dividido. A presença e a vida do discípulo deve ser tal que ele dê sentido à vida. A incoerência faz com que ele desvirtue a sua vocação e missão e se torne incapaz de dar sabor a todas as coisas e conservar em si a palavra de Cristo (cf. v.50).

 

Autor: Pe. Carlos Alberto Contieri, biblista que estudou a Sagrada Escritura em países como Itália, Bélgica e Israel, atualmente é Diretor do Pateo do Collegio e Coordenador do Patrimônio Histórico e Cultural da Companhia de Jesus no Brasil.