voltar Liturgia diária 15/08/2022 20ª Semana do Tempo Comum

BOA NOVA PARA CADA DIA. A LITURGIA DIÁRIA COMENTADA

Dia 15 - segunda-feira: Ez 24,15-24; Sl (Dt 32); Mt 19,16-22.

A vida eterna não é prêmio, nem fruto de um esforço humano, ela é dom de Deus (Jo 17,2-3) e, como tal, precisa ser recebida. A pessoa anônima que se aproxima de Jesus, símbolo do desejo profundo do coração de cada um de nós, apresenta a ele uma questão eminentemente religiosa: o que devo fazer de bom para possuir a vida eterna? (v.16). Na concepção dela é fazendo algo que se alcança a vida eterna. A pergunta pelo “algo” a ser feito recebe de Jesus uma resposta diferente da que a pessoa esperava: Deus é Bom; Deus é a fonte de toda bondade. Se alguém pode fazer algo bom é porque Deus, que é Bom, está na origem de todo verdadeiro bem e da bondade que existe na pessoa. A vida eterna não é merecimento pelo cumprimento irrepreensível da Lei. A Lei é o caminho para a vida de liberdade (cf. Dt 30,15-16). A Lei é um meio, mas o cumprimento dos mandamentos não é suficiente para garantir a alguém a vida eterna. É preciso desapego, mudança de mentalidade, pois a vida eterna não se compra, nem é objeto de barganha ou retribuição. A tristeza que se abateu sobre aquela pessoa é o reconhecimento de seu apego aos bens. O texto não nos diz se no tempo posterior ela foi capaz de optar pela “perfeição”. Esse silêncio do texto oferece ao leitor(a) a oportunidade de ele(a) mesmo(a) se colocar no lugar daquela pessoa anônima cujo rosto é o do(a) leitor(a) do evangelho e responder à exigência própria do seguimento de Jesus Cristo. A vida autenticamente cristã depende dessa resposta e dessa atitude de desapego.

 

Autor: Pe. Carlos Alberto Contieri, biblista que estudou a Sagrada Escritura em países como Itália, Bélgica e Israel, atualmente é Diretor do Pateo do Collegio e Coordenador do Patrimônio Histórico e Cultural da Companhia de Jesus no Brasil.